26 Junho, 2019 / Papel

O papel não é todo igual

Todo o papel é um produto de origem natural, biodegradável e reciclável, mas há processos que fazem a diferença. Ao comprarmos papel feito a partir de florestas geridas de forma responsável, com uma cadeia de valor – da plantação da árvore à prateleira da loja – certificada, estamos a fazer a escolha certa. Mas como podemos, enquanto consumidores, saber a origem do papel que compramos? Através dos rótulos nas embalagens. Tome nota.

Forest Stewardship Council® (FSC®)

O selo FSC atesta que os materiais e produtos que o ostentam são provenientes de florestas geridas responsavelmente.

Sistema de certificação com maior reconhecimento internacional, foi criado em 1993 por representantes de organizações ambientais, da indústria da madeira e de associações florestais e emite três tipos de certificados – Gestão Florestal (para proprietários ou gestores florestais), Cadeia de Custódia (para fabricantes, transformadores e comerciantes de produtos florestais) e Madeira Controlada (para organizações e empresas) –, que permitem controlar as várias fases da produção e o progresso do produto ao longo da cadeia de valor.

Programme for the Endorsement of Forest Certification (PEFC™)

O selo PEFC™ garante um conjunto de princípios e critérios de sustentabilidade sobre a floresta e a sua gestão, através da adoção de boas práticas que assegurem que a madeira e outros produtos da floresta são produzidos de acordo com os melhores padrões éticos, ecológicos e sociais.

Constituído em 1997/98, resultou da ação de produtores florestais e indústrias de 17 países europeus preocupados com o desenvolvimento sustentável do espaço florestal. Esta plataforma não-governamental e internacional é atualmente o maior sistema mundial de certificação florestal (60% da área total certificada).

EU Ecolabel

O rótulo ecológico europeu foi introduzido em 1992, como parte da estratégia da União Europeia para a produção e o consumo sustentáveis. Promove produtos e serviços que cumprem rigorosos critérios de desempenho ambiental, protegendo não só o ecossistema, mas também os consumidores.

No segmento de papel, o Ecolabel obriga à utilização de madeira certificada e de origem controlada, e impede o uso de substâncias nocivas ao meio ambiente e à saúde. Promove ainda a utilização de energia renovável, a implementação de um rigoroso sistema de gestão de resíduos e a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Uma história com 40 anos

Os selos de certificação visam fornecer ao consumidor uma avaliação imediata, objetiva e precisa do impacto ambiental de determinado produto, mas a sua história com cerca de 40 anos tem servido também de incentivo para os fabricantes cumprirem os melhores padrões de produção.

O primeiro rótulo ecológico foi introduzido na Alemanha em 1978 – o Blue Angel – e onze anos depois foi criado, no seio dos países nórdicos, o primeiro sistema multinacional de rótulo ecológico, o Swan Label (hoje designado por Nordic Swan Ecolabel). A rápida profusão de rótulos em quase todos os países da OCDE levou à adoção, em 1992, de um selo europeu, o EU Ecolabel, simbolizado por uma flor com as estrelas da União Europeia, que congregasse a política ambiental numa única entidade.

Transpostas as fronteiras europeias, os rótulos ecológicos ganharam expansão mundial na última década do século XX, e hoje o FSC e o PEFC™ desempenham um papel fundamental a comprovar a sustentabilidade das florestas e dos produtos que utilizam matéria-prima desses ecossistemas. Estes dois sistemas já certificam mais de 420 milhões de hectares de floresta em todo o mundo e a madeira colhida em florestas certificadas pelo FSC e pelo PEFC™ corresponde a 38% do volume de produção global de madeira para fins industriais (689 milhões de metros cúbicos, segundo números de 2016).

A competição entre os dois sistemas (FSC e PEFC™) impede que estes apareçam juntos, mas esta é uma realidade na floresta gerida pela indústria papeleira, como acontece em Portugal com a The Navigator Company. A companhia detém as duas certificações florestais desde final de 2006 e hoje aplica o rótulo FSC nas suas marcas próprias, reservando o selo PEFC™ para as marcas de clientes. Já o Ecolabel passou a figurar nos produtos da Navigator desde finais de 2010.

Toda a madeira/fibra utilizada nas unidades fabris da Companhia é de origem controlada, sendo que 54% é certificada e, por isso, paga a um preço superior à porta das fábricas. “O FSC e o PEFC™ certificam produtos que passam a ser visualmente reconhecidos pelo consumidor como símbolos de proteção florestal”, afirma Pedro Filipe Silva, Sustainability Manager da Navigator, acrescentando: “Sem os rótulos ambientais, não podíamos vender papel nos principais mercados”.

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