24 Fevereiro, 2019 / Floresta

Como a certificação cria melhor floresta

A totalidade dos 110 mil hectares de floresta que a The Navigator Company gere são certificados de acordo com sistemas internacionais, atestando uma gestão florestal responsável. O desafio passa, agora, por estender a certificação à totalidade dos proprietários privados em Portugal.

A Navigator esteve envolvida desde o primeiro momento na criação das iniciativas nacionais de ambos os sistemas internacionais de certificação: FSC (Forest Stewardship Council) e PEFC (Programme for the Endorsement of Forest Certification), e apostou em ter toda a área sob sua gestão certificada pelos dois.

Esta não é uma certificação da qualidade do produto (seja ele madeira, cortiça ou outros produtos florestais não lenhosos), mas sim da gestão florestal praticada nas áreas de onde provém. Para ser certificada, a gestão tem de ser economicamente viável, ambientalmente saudável e socialmente responsável.

Outro aspeto essencial para que o produto final – o papel que a Navigator produz – possa exibir o selo de certificação é que toda a cadeia de custódia/responsabilidade está certificada, garantindo-se a rastreabilidade de todos os processos que vão da floresta ao produto.

A Navigator obteve a certificação florestal pelo FSC em 2007 e pelo PEFC em 2009, e tem vindo a alargar o âmbito de produtos que as suas florestas podem oferecer como certificados.

Apesar de os dois sistemas de certificação terem tido géneses diferentes, têm evoluído no sentido de um alinhamento de exigências, fruto do seu crescimento e de uma consciência da sociedade no que concerne ao desenvolvimento sustentável. Por isso, hoje, os requisitos a respeitar nas normas de ambos (ver caixa) são comuns em muitos parâmetros. O sistema de governança e desenvolvimento normativo é, porém, distinto.

No FSC (criado em 1994 por iniciativa de organizações não governamentais preocupadas com fenómenos de deflorestação e má exploração de florestas ocorrentes, essencialmente, no hemisfério sul) os Princípios e Critérios que compõem a norma principal são iguais em todo o mundo, podendo cada país adaptá-los em certa medida à sua realidade a nível dos indicadores. Já no PEFC (criado na Europa, em 1999, por organizações de produtores florestais), as normas podem variar entre os diferentes países, sendo necessário, contudo, que incluam os critérios pan-europeus de gestão florestal sustentável e um conjunto de requisitos adicionais.

Os prazos de validade dos certificados são, também, distintos. No FSC têm uma duração de cinco anos e no PEFC de três anos, mas em ambos os sistemas as entidades certificadas são auditadas anualmente.

Conservação da biodiversidade

Num contexto de crescente sensibilidade relativamente aos aspetos sociais e ambientais associados à gestão das florestas, a certificação oferece à sociedade uma resposta a expectativas desta natureza.

O respeito e preservação de valores naturais e socioeconómicos relevantes nas áreas em exploração é um dos aspetos mais importantes considerados na certificação, e, neste domínio, a Navigator desenvolveu uma abordagem inovadora, integrando o tema da conservação no seu modelo de gestão florestal e tornando-o parte do seu dia a dia.

No caso da biodiversidade, esta é uma abordagem que vai ao encontro do compromisso de garantir que o planeamento e execução das atividades da Companhia resultem, no mínimo, na manutenção dos valores de biodiversidade existente, e, sempre que possível, num ganho em biodiversidade, o que pode resultar, por exemplo, da implementação de ações de restauro de galerias ripícolas (as galerias ribeirinhas, onde as árvores e arbustos criam um corredor de copas mais ou menos fechado sobre o curso de água).

Os resultados de mais de 10 anos de monitorizações anuais evidenciam que cerca de 10% da área total de património da The Navigator Company é gerida com objetivos de conservação, e nela identificaram-se, até ao momento, 41 habitats classificados na rede Natura 2000 e centenas de espécies de fauna e flora relevante, assegurando-se a sua proteção através de medidas de gestão que integram Planos de Ação de Conservação.

Através da certificação garante-se que a madeira tem origem num processo produtivo exercido de forma ecologicamente adequada, socialmente justa, economicamente viável e em cumprimento das leis vigentes

O que é a certificação florestal?

A certificação florestal proporciona aos produtores o reconhecimento formal e independente das suas boas práticas.

Surgiu em resposta a preocupações relativas à forma como as florestas mundiais são exploradas e tem por objetivo atestar e evidenciar a gestão sustentável dos espaços florestais.

Através da certificação garante-se que a madeira tem origem num processo produtivo exercido de forma ecologicamente adequada, socialmente justa e economicamente viável, e sempre no cumprimento das leis vigentes.

A certificação pode ser obtida de forma individual (caso da Navigator) ou agrupada (em modelos de grupo ou regional mais adequados), permitindo assim um mais fácil acesso a proprietários de menor dimensão.

Alguns dos requisitos comuns às normas de certificação florestal FSC e PEFC:

  • Cumprimento da legislação aplicável e outros acordos ou convenções subscritos.
  • Existência de um Plano de Gestão Florestal.
  • Avaliação prévia e mitigação de impactes ambientais e sociais das operações.
  • Proibição do uso de organismos geneticamente modificados e restrições rigorosas à conversão de florestas naturais.
  • Atendimento de obrigações laborais e procedimentos de saúde e segurança
  • Abordagem à conservação de valores naturais (como a biodiversidade) e socioculturais.
  • Envolvimento e consulta de partes interessadas acerca de diversos aspetos da gestão florestal.
  • Implementação de procedimentos de formação e comunicação.
  • Boas práticas de gestão suportadas por evidências, quer documentais, quer de registos da atividade.
  • Procedimentos de monitorização de indicadores específicos (relacionados com aspetos ambientais, sociais, económicos e técnicos da gestão florestal) e de controlo das atividades.
  • Certificação da cadeia de custódia e diferentes métodos de utilização dos logótipos.
  • Controlo do uso das marcas de certificação.
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