Em 2009, o mercado livreiro nos EUA assistia pela primeira vez no milénio a uma descida das vendas anuais de livros impressos. Dois anos antes tinha sido lançado o Kindle — o e-reader da gigante Amazon — e, no início de 2010, era a vez da Apple dar ao mundo o iPad. Anunciava-se a supremacia dos e-readers e o boom futuro dos e-books, com previsões de morte a curto prazo do livro impresso. E, de facto, até 2013 houve um crescimento das vendas de e-books nos EUA — nessa altura, as estatísticas revelavam uma quota máxima de 28% do total de livros anualmente vendidos —, mas logo a partir do ano seguinte começaram a diminuir, e desde então as vendas de livros impressos não têm parado de crescer. A diminuição no consumo de e-books e aumento das vendas dos livros impressos não foi exclusiva dos EUA, observando-se também na Europa, nomeadamente em países como a Alemanha e o Reino Unido.
Apesar de o mercado da América do Norte estar dominado por grandes editoras, assistiu-se na última década a um aumento quer da autoedição, quer da edição através de editoras independentes (no período entre 2010 e2015, o número de títulos nestes dois segmentos aumentou 403%, para perto de meio milhão de títulos identificados com ISBN). A própria impressão digital (digital printing) impulsionou a indústria gráfica no setor dos livros, permitindo tiragens mais pequenas e produções mais rápidas, havendo já quem ofereça a impressão de tiragens de 10 livros entregues em 48 horas.
O renascimento do livro impresso chegou também à própria Amazon, que abriu a primeira livraria nos EUA em 2015 e hoje já conta com dezassete lojas.
Por outro lado, a longevidade que caracteriza um livro impresso garante a passagem de conhecimento através das gerações e ao longo dos séculos – o livro mais antigo europeu contendo folhas em papel tem cerca de 1 000 anos. A própria Apple decidiu, em 2016, publicar um livro com a história e as fotografias dos produtos que desenvolveu nos anteriores 20 anos.
Na publicação “2018-2022 Global Entretainment and Media Outlook”, da consultora PWC, conclui-se que o livro impresso continuará, no futuro, a ser a forma principal de consumo de obra-livro. Por todos os benefícios que lhes conhecemos e todas as emoções que nos despertam, acreditamos que sim: os livros em papel estão para durar.