12 Março, 2019 / Bioeconomia

A indústria 4.0 na Navigator

O futuro das unidades industriais trará mais transparência e eficiência, menos desperdício, mais autonomia nas operações e otimização do serviço. Na The Navigator Company, o futuro começou a desenhar-se com a iniciativa Navigator 4.0, na qual se discutem projetos, parcerias e novas formas de produção.

“A iniciativa Navigator 4.0. surgiu da necessidade de ter um grupo de pessoas que pudessem reunir-se periodicamente e onde fossem tomadas decisões sobre ações futuras”, explica Ricardo Jorge, coordenador da iniciativa.

Atendendo ao facto de que, com a transição para a Indústria 4.0, haverá uma maior interligação entre áreas, com uma maior transparência e fluidez de informação, desde logo foi tomada a decisão de criar uma equipa multidisciplinar. “Temos um grupo que vai acompanhando as iniciativas, que inclui pessoas desde a área industrial ao supply chain, passando pela área florestal e pela própria gestão de talentos. Temos vindo a implementar algumas iniciativas. Umas têm corrido melhor, outras menos bem, mas faz parte do processo de implementação deste tipo de metodologias. Não há receitas, em alguns dos casos tem de se ir experimentando”, salienta Ricardo Jorge.

Uma das áreas em que a Indústria 4.0 passou já da discussão à prática é a análise de dados – um dos pilares fundamentais para que a indústria da pasta e do papel tenha sucesso na transição para o 4.0 –, com ferramentas em plena laboração nas unidades industriais da Companhia.

As primeiras a ser lançadas, em 2014, foram as ferramentas de data mining, com resultados encorajadores. “Há ganhos reconhecidos, tanto em termos de estabilidade processual, com a identificação de problemas, como de otimização de consumos de matérias-primas – no uso de químicos, por exemplo – e ganhos de produtividade”, explica Ricardo Jorge, acrescentando que têm sido selecionadas as ferramentas e tecnologias com maior potencial, tanto do ponto de vista da aprendizagem como dos resultados a atingir no curto e médio prazo.

Entretanto, foram instaladas nas fábricas de pasta de Cacia e Setúbal ferramentas de otimização processual, que visam testar outro tipo de metodologias de tratamento e análise de dados.

No reino da inteligência

A utilização de equipamento inteligente e a criação de produtos também eles inteligentes, são duas outras áreas-chave nesta transição. Aqui, os projetos estão ainda, na sua maioria, no campo das ideias. “Temos previsto o teste de várias tecnologias de sensores wireless inteligentes, para monitorização da condição de equipamentos, nomeadamente vibração e temperatura, e estamos a considerar o desenvolvimento de algumas soluções dedicadas no âmbito da robótica”, avança Ricardo Jorge.

Já no caso dos produtos inteligentes, estão em análise alguns projetos cujo objetivo é criar novas funcionalidades para o papel através do uso da eletrónica. Foi o caso de uma parceria com o CENIMAT, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, que consistiu em ter o papel como base à impressão de circuitos eletrónicos.

Ricardo Jorge, RAIZ
Ricardo Jorge, RAIZ

Para Ricardo Jorge, em toda a cadeia de valor da Navigator, a médio e longo prazo, podem vir a existir oportunidades e benefícios no que toca a ganhos de eficiência e redução de desperdício e taxa de erro. “À partida, as áreas da produção de pasta, papel e energia, manutenção, procurement e a logística inbound e outbound, pelo seu perfil e uso de recursos, são aquelas em que tradicionalmente os benefícios a obter serão mais facilmente identificados e atingidos”, afirma. Neste âmbito, tem vindo a ser desenvolvido trabalho com diversas empresas da área tecnológica, nomeadamente com provas de conceito.

Mais real e palpável é o protocolo com o Instituto Superior Técnico, que irá vigorar por três anos, em que o tema central é a indústria 4.0 e onde haverá espaço para o desenvolvimento de novas soluções.

Transparência em tempo real

Inevitavelmente, a transição para o 4.0 trará mudanças ao modo de funcionamento da indústria da pasta e do papel, nomeadamente na relação com a supply chain e o próprio consumidor. “A indústria passará a interagir de forma mais transparente e em tempo real com a sua base de fornecedores e de clientes. Por exemplo, os fornecedores poderão ter acesso em tempo real aos stocks de matérias-primas e subsidiárias do seu portefólio, e reagir automaticamente em função do nível desses stocks, reduzindo a probabilidade de rutura e possibilitando ainda a otimização de stocks mínimos. Quanto aos clientes, poderão, por exemplo, ter acesso em tempo real ao estado da sua encomenda, desde que é produzida até que lhe é entregue”, antecipa o responsável.

Os laboratórios do RAIZ fervilham com ideias e projetos de investigação e desenvolvimento.

Também os recursos naturais podem vir a beneficiar de uma gestão mais sustentável e eficiente. “Desde logo através do uso mais eficiente desses recursos, pelas oportunidades de otimização de processos que estas novas ferramentas possibilitam. Por outro lado, porque através da monitorização em tempo real desses recursos naturais e do meio em que se inserem, poderemos em alguns casos otimizar a sua produtividade, como, por exemplo, no caso da floresta”, afirma Ricardo Jorge, antecipando o possível futuro uso de sensores que permitirão avaliar tanto o stress hídrico de cada árvore como a melhor altura para o seu corte e abate.  “São uma série de ideias que poderão vir a ser implementadas no futuro”, diz.

Tudo isto irá revolucionar a indústria da pasta e do papel, dentro de poucas décadas. Quando pedimos a Ricardo Jorge para antecipar a realidade de uma fábrica daqui a 35 anos, o cenário é traçado em tons futuristas: “É expectável que o rápido desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial, de soluções de mobilidade autónoma e da robótica venha a transformar não só este setor industrial, como a indústria no seu todo. Através da implementação do que serão no futuro estas ferramentas, antecipa-se que estejamos a caminhar para o aparecimento de fábricas autónomas, em que os equipamentos interagem entre si, sendo capazes de tomar decisões por si próprios, com capacidades preditivas e de autoaprendizagem, supervisionados por humanos”. E este futuro já começou.

As origens da indústria 4.0

O termo Indústria 4.0 surgiu pela primeira vez em 2011, em Hannover, na sequência de um conjunto de medidas lançadas pelo governo alemão com vista a uma maior automatização da indústria.

As parcerias com o mundo académico garantem que a The Navigator Company está sempre na vanguarda da tecnologia.

Os princípios que defende – como a capacidade de operação em tempo real, a virtualização e a descentralização –, e os pilares em que se suporta – a segurança, a internet das coisas e big data analytics – fizeram com que seja considerada como uma nova revolução industrial.

Esta nova forma de pensar e gerir a indústria, dará lugar a novos modelos de negócio, num universo cada vez mais automatizado, com maiores oportunidades na área da I&D, onde a transparência e fluidez de informação e uma cada vez maior customização de produtos e serviços estarão na ordem do dia.

Com a transição para a indústria 4.0 haverá uma maior interligação entre áreas, com uma maior transparência e fluidez de informação

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